Por Fernando Wagner Sandri

Você pode ser adepto a tecnologia, preferir livros digitais, agendas em telefone e e-mails, sites e blogs em vez de jornais e revistas impressos, mas ainda assim o papel faz parte do seu dia a dia. Seja em documentos, no dinheiro ou nas embalagens dos produtos que você consome.

A versatilidade do papel e suas muitas aplicações é tamanha que seu fabricante, o papeleiro, tem fundamental importância para o setor econômico, social e ambiental. Por isso, desde 2008 celebra-se no dia 20 de setembro, o Dia Nacional do Papeleiro.

“O papeleiro e os seus produtos estão presentes em todos os lares do Brasil. Ele tem uma função muito estratégica para a sociedade porque atua não só na fabricação do papel em si, mas na inovação para a criação de produtos similares que venham de fonte renovável, na sua reciclagem e na economia circular como um todo”, conta Fernando Wagner Sandri, diretor de tecnologia da IBEMA e Diretor técnico do SINPACEL.

Para quem ainda dúvida dessa importância, a prova veio no início de2021, quando, sob influência da pandemia da COVID-19 e do cenário vivido em 2020, com os catadores de materiais recicláveis em casa e as indústrias paralisadas ou com as atividades reduzidas, o papel esteve em falta em todo o mundo. Tal fato dificultou inúmeros negócios, como: logística, e-commerce e até fabricação de móveis.

“O que ocorreu não foi por uma deficiência do setor, mas por algo macro, onde houve problemas de fluxos logísticos mundiais porque todos precisaram parar. O que mostra a importância do setor para mercado e a economia mundial”, explica Sandri.

SUSTENTABILIDADE

O papeleiro também tem fundamental importância quando se fala em sustentabilidade. “O papel nasceu no conceito de economia circular. Quando foi inventado, no ano 105, ele foi feito para reaproveitar a casca de amoreira, os trapos de roupas e outros materiais”, lembra o diretor técnico do SINPACEL.

Além disso, diferentemente de outros produtos, a reciclagem é uma realidade fundamental nos processos que envolvem a fabricação do papel. “Hoje são reciclados mais de 5 milhões de toneladas de papel por ano no Brasil, o que representa aproximadamente 70% do papel consumido no nosso mercado. Tudo o que é coletado é reciclado e reutilizado na indústria. Se coletar mais, será utilizado mais ainda”, conta.

Por isso, o setor investe em processos que incentivam a correta destinação, coleta, separação e envio do material para a reciclagem “O sistema de logística reversa e a economia circular, é ponto fundamental neste processo e deve ser sempre revisado. Afinal, a própria Política Nacional de Resíduos Sólidos já define que todos têm a responsabilidade compartilhada”, explica Sandri.

INOVAÇÃO

Mas os investimentos vão além e apoiam pesquisas para o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos derivados da fibra vegetal que atendam as perspectivas do futuro. “O papeleiro também precisa buscar essa inovação para dar respostas e, muitas vezes, estar à frente com soluções e proposições inovadoras para a sociedade”, disse.

Estima-se que os maiores produtores de papel do país invistam em média 0,5% do seu faturamento bruto em pesquisas e inovações para o setor. São investimentos tanto em maquinários mais eficientes para redução de custos como no desenvolvimento de novas tecnologias e produtos mais sustentáveis e viáveis.

“Hoje em dia uma empresa não sobrevive sem inovação e esse percentual é contínuo. Pode ser um pouco maior ou menor, dependendo do porte da empresa, mas ele efetivamente precisa acontecer”, conta Sandri.

Esta é a perspectiva para o futuro: muita inovação capaz de adequar tanto a profissão quanto os produtos às novas necessidades da sociedade e aos conceitos de sustentabilidade. “Tem muita coisa acontecendo hoje e, apesar de a gente imaginar que a fibra do pinus e do eucalipto estarão sempre presentes por serem renováveis, a transformação sempre acontece. A sociedade espera por embalagens mais efetivas, mais leves, sustentáveis e o papeleiro está muito atento à essas novas demandas”, finaliza o diretor técnico da Sinpacel.

*Fernando Wagner Sandri é Engenheiro Químico, Diretor de Tecnologia IBEMA, Diretor Técnico Sindicato das Indústrias de Papel e Celulose do Paraná – SINPACEL, Conselheiro Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel – ABTCP e Conselheiro da Associação Brasileira de Embalagens – ABRE.