Fonte: Jornalista Joana Serra

Para marcar o Dia do Papeleiro, celebrado em 20 de setembro, o Sinpacel conversou com Arthur Canhisares, ex-Diretor Industrial da Klabin e profissional com mais de 30 anos de experiência no setor de fabricação de papel e celulose. O bate-papo com representantes do Sinpacel trouxe uma reflexão sobre as perspectivas para o profissional e para o setor, além de sua importante contribuição para sustentabilidade de toda a cadeia produtiva.

Canhisares é formado em Engenharia Industrial pela faculdade de São Bernardo do Campo (SP), possui curso de Especialização Papel e Celulose pela USP;
Paper Machine Management pela Omni Continental, no Canadá; Corrugated Container Machery School, nos Estados Unidos; Executive Development Program pela EDP Kellogg Scholl of Management, também nos Estados Unidos; entre outras. Com 38 anos de profissão, sendo 35 deles dentro da Klabin acumulou diversas experiências passando por setores e sedes da companhia que asseguram a ele o título de especialista no setor papeleiro nacional.

Sua trajetória e trabalho desenvolvido contribuiu para avanços e aperfeiçoamento do processo produtivo papeleiro, o que lhe permite traçar um diagnóstico das oportunidades e desafios para setor papeleiro do país nos próximos anos. Um cenário muito otimista considerando as potencialidades nacionais e exigências de um mercado cada vez mais preocupado com os impactos ambientais gerados pela atividade.

“O setor de papel e celulose deve crescer muito no Brasil. Existem os olhares para a nossa produtividade, o que mostra um cenário muito otimista para o profissional papeleiro”, disse.

Segundo ele, novas técnicas e tecnologias têm permitido a otimização e o melhor aproveitamento das florestas reduzindo os impactos ambientais e fomentando a sustentabilidade do setor. “O cenário é de grandes oportunidades e possibilidades que surgem a partir da prática de uso múltiplo das florestas, que permite outras atividades na mesma área além da produção de papel e celulose. Novas tecnologias também estão surgindo proporcionando o aproveitamento máximo da madeira, além de políticas para a compensação do carbono, que é uma grande oportunidade para as bases florestais como sequestradoras de carbono e outras inúmeras possibilidades”, destacou.

Um mote em que o Brasil se destaca no cenário mundial e que deve continuar crescendo nos próximos anos. “O país se consolidou como um grande exportador de papel e celulose e acredito que vai continuar se desenvolvendo, somos extremamente competitivos neste setor e temos muitas oportunidades para o seu crescimento. Ainda mais considerando o valor de sustentabilidade que as empresas trazem no seu DNA e em um momento em que a sociedade já reconhece isso e impõem como condição que vai além da substituição de embalagens não sustentáveis e do que a legislação exige”, destacou Canhisares.

Protagonismo que só é possível devido aos avanços e oportunidades conquistados com base em muita pesquisa e capacitação. “O nível de conhecimento e de treinamento do papeleiro cresceu muito ao longo dos anos, a formação da mão de obra técnica foi, é, e continuará sendo uma grande oportunidade para o profissional do setor”, disse.

Canhisares lembra das principais mudanças na produção de papel e celulose de quando ele começou a atuar no setor até o momento. “Foi uma época de muito trabalho e muita realização porque até então o Brasil só produzia cartões com 100% fibra curta e fora do país alguns fabricantes já trabalhavam com fibra longa. Então a Klabin inovou e começou a produzir produtos com fibra longa e fibra curta, o que nos garantiu um know-how para produzir cartão tanto com fibra longa como com fibra curta como com composição mista e essa é a grande vantagem, considerando as caraterísticas de printabilidade e resistência”, lembrou.

Conquistas e avanços que só foram possíveis devido ao alto investimento do setor papeleiro em capacitação, modernização de maquinário e monitoramento constante. “As máquinas são um ativo caro, que demandam um grande investimento, por isso seus sistemas são sempre atualizados permitindo a máxima eficiência e controle, o que também exige muito do papeleiro e um trabalho de equipe. A fábrica de papel e celulose não pára e não permite ao funcionário o desligamento da máquina ao ir embora, por isso é preciso um trabalho de equipe que garanta a qualidade do produto e contribua com melhorias constantes”, destacou.

Para ele, este é um diferencial que faz com que o setor esteja em constante evolução e modernização. “As pessoas que trabalham em uma fábrica de papel, fazem parte de um time e todos devem contribuir para um grande trabalho em equipe. Por isso, costumo dizer que quando atingimos um recorde de produção ele não é conquistado em um turno ou de um dia de trabalho, ele é resultado do trabalho de toda equipe”, reforçou Canhisares.

Sendo assim, no mês em que se comemora o Dia do Papeleiro só há motivos para os profissionais se orgulharem. “O setor de papel e celulose vai crescer muito no Brasil e a demanda por bons profissionais está muito alta. O grande desafio para os próximos anos está em mostrar toda a potencialidade, que são altas e melhores que em muitas partes do mundo, em prol da sustentabilidade e das práticas ambientais de níveis globais”, concluiu Arthur Canhisares.